terça-feira, 22 de junho de 2010

Soneto de Despedida

Me vem com suas armas
Cores e sabores
E é a outra que abraças
Provocando-lhe rubores

Do cheiro que tens
Evoca memórias
De melancólicos trens
Vazios, sujos e sem glórias

Agora com maestria
Foge do amor de outrora
Como um balde de água fria

Arranca do peito o espinho fincado
Despeja no ralo o que lhe foi dado
E a saudade vai sumindo agora.

Um

Sorrisos de canto de boca
Um "Eu tenho o amor"
Um, apenas um.
Agarrado a um dos seus pés
Deveras triste
Manda-o para longe
Para um pouco longe
Um, tudo um
Sempre um
Unilateralismo sentimental
Um homem
Que sempre esteve aqui
- Ele ainda está aqui?
- Esperando por um sim, acredita?
Um bendito sim cheio de culpa
De um ser humano
Que, como de um acalanto,
Tem dó de despertar para um outro
Pois pode se perder
Um, dois
Dois, que podem ser um
Faca e o queijo

Mas a faca tá cega
E a intenção tá se apagando...

sábado, 19 de junho de 2010

SAC

Num certo dia em que renascera, deparei-me com a vaidade ao lado de um próximo. Reconheci-o, como se vendo através de um espelho. E estava nítido. Liguei e reclamei. Tinha adquirido essa nova vida depois de muito economizar, aí vem Fulano e me vende essa porcaria.
"Não aceitamos devolução".
Tudo bem, pensei, moldar-me-ei conforme os bons princípios.
No final do dia, cheguei a conclusão que se você ainda quer ser reconhecido, seja extremos. E hoje, eu fui péssimo. Claro que propositalmente. Justifiquei de forma medríocre o azar de ter cruzado com aquele vendedor. Sei que azar e sorte não existem, você tem que criar condições propícias para acontecer coisas boas com você. Fiz um monte de notas, escrevi para um jornal, fiz ligações, briguei com um pedinte na rua, li, falei sozinho...
... e chorei. Ao enxugar as lágrimas, como uma luz, vi um lado bom. Eu, nessa vida, tinha uma mente perigosa (o que costumam chamar de mentes férteis). Nessa hora, já se passava das 22hs. Aproveitei, por assim dizer, para produzir. Me senti genial. Manipulei os outros, que diversão. E o sono, finalmente, chegou.
Adormeceu sem sonhos para sempre daquela vida com dois pensamentos.
O que me espera na vida de amanhã?
Será que ela vai ler os poemas que coloquei por debaixo da sua porta?

Já que hoje só tinha essa vida, aproveitou do seu jeito. Não era perverso, só tinha uma mente a mil. Fraqueza, isso talvez. Não conseguiu apontar para um lado bom. Mas a verdade é que vida do outro dia lhe prometia...

domingo, 13 de junho de 2010

Notas pt. 1

Sentir-se como uma peça de Lego, sem encaixe nem combinações possíveis. Aquela peça que se enganou de pacote. Erro. Consolo-me: é uma peça (quase) indestrutível. Eu nunca vi uma peça de lego quebrada, você já? Em contrapartida, perdê-la não é uma tarefa nada difícil...