o que se passa nas tuas lembranças
das tuas coisas
como as imagino daqui
como através de um sufrágio,
de quando encomendei homenagens
ou uma canga imitando toalha de mesa
e baloiçando ao vento de uma tarde
cheia de sintomas de chuva
como tudo o que vacila
todas as vacinas que deixei de tomar enquanto criança
como a imagino daqui, ameaça direta, dileta
como os livros que posso vir a deixar de ler
carrapato dos animais de minha casa
mato que nasce entre os paralelepípedos
tuas mulheres na cadeira de dragão
e depois
comendo tudo
e continua
segunda-feira, 20 de julho de 2015
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Quero morrer num dia breve
Quero morrer num dia azul
Quero morrer na América do Sul.
(Rodrigo Campos)
párias da vida, uni-vos
na nossa américa do sul,
para ser um pária,
não precisa ir longe
disseram-me que para unir
precisamos engolir a solidão
e isolar tal pedaço de tecido
da nossa mente
encontrem-me lá:
em qualquer canto que produza sombra
faia, mas nossa:
mangueira ou pé de jambo
terça-feira, 7 de julho de 2015
as urgências vivas se apresentam
na madeira compensada da porta
quando a observo, ao acordar vertiginoso, tentar respirar
no ferro de passar roupas
rangido da mesa, cheiro de amaciante evaporado
no uniforme cinza do meu pai
num desonrado passeio no pensar,
esquecendo o que foi dito
no reticente cuspe retórico
"quando se morre de acidente [...]
[...]"
essas urgências vivem
nesse silêncio-alívio
no entortar da boca,
levantar de ombros
onde me retiro
na madeira compensada da porta
quando a observo, ao acordar vertiginoso, tentar respirar
no ferro de passar roupas
rangido da mesa, cheiro de amaciante evaporado
no uniforme cinza do meu pai
num desonrado passeio no pensar,
esquecendo o que foi dito
no reticente cuspe retórico
"quando se morre de acidente [...]
[...]"
essas urgências vivem
nesse silêncio-alívio
no entortar da boca,
levantar de ombros
onde me retiro
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