terça-feira, 12 de novembro de 2019

entrar,
sentir as pedras ocres e o calor liso
das paredes que nos guardam

ficar,
não entre mis abuelitas que, pelo sangue,
jamais me permitiram palavra

ficar,
com o decoro de que devo conhecer
a irritadiça e sublime mestra

ir,
este rastilho cheio de sulcos e desamparos
de indomável raiva e sossego

itinerário para as cinzas

o domingo de nossos dias
preenche o que ouvimos:
sons desconhecidos e acertados
na escuridão oblíqua da sala de estar

o pouco de duran duran,
de café,
e de suede

*
neste dia de nossas vidas
qual clichê doce novembro
transmuta-se em um quê de glória eterna
e também de despedida

o tanto de nostalgia,
incêndios,
e de retinas encarnadas

*
o vale do pitimbu marcou nossos carros e
brônquios,
em uma irreconciliável
ternura

no entanto,
o cenário de buracos, serras, pássaros e árvores
começa, então,
seu itinerário para as cinzas