segunda-feira, 4 de agosto de 2014

hoje não componha suas nênias

hoje não componha suas nênias
nem descanse sobre a boca a mão 
nem esqueça
sobretudo, não esqueça

que todas as mortes são iguais
todas as crianças são iguais
o mascate que anda à tuna é igual a tu
o baile dos carros é igual a tua festa
a casa respira como teu peito ascende
e declina como teus olhos à noite
sobre os antigos alfarrábios

não componha tantas nênias
mas rodas a não pensar,
não pesar
não afundar,
talhando-se com tal ofício
não acompanhe a mulher,
se tu não o queres bem fazer

abandone as traduções diversas

não lamente

ramagens aureoladas
são todas iguais e se repetem não só em gaza
(sabes que lá quase nem as tem)
mas na esquina da esperança sua casa
onde os mascates desembarcam
como tu ontem o fez também

(mas não esqueça,
além de tudo não esqueça
nem componha nênias
nem os entregue a cabeça)

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