quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Future butterfly

Na máquina do tempo, feita de aço e muito plástico, conta-se 17:10
fim do expediente de quem a manuseia conforme a terra fica para trás 
perto do Equador, isso significa que, em tal voltagem, já é quase breu 
um homem — meu Deus, era um homem —
aguarda sob a árvore, com sua mochila nos pés, e encara estes olhos 
através do vidro, do pátio da geração que necessita de mais um burocrata 
desacorçoado redigindo e aprovando obras de arte em editais 

são, ao mesmo tempo, horas diferentes a depender do motor e do músculo
mesmo assim as luzes se acendem, porque não mudamos os trópicos 
e não há nada mais forte que as lâmpadas de led histriônicas 
ou maior sombra que aquela árvore de quem espera desde o sol

no espelho convexo, aciono o incômodo — frente a minha própria imagem? 
na luz vermelha em excesso para o astigmatismo; a sensação idem
uma bruxa sentada sobre meu peito cansado
os caminhos abertos sob seu pé rachado

ambos de camisa polo, um rosa — como o céu no lusco-fusco
outro de branco, como as nuvens desesperançadas 
precisamos nos entender mas jamais conversaremos

a máquina me levou para o inalcançável — o futuro, este que não lhe pertence

        tampouco a qualquer um

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