terça-feira, 11 de maio de 2010

Memórias de um suicida- o fim.


Memórias de um suicida - parte 3

"Se é para me inibir com remotas possibilidades de mudanças, eu dispenso."

E dessa vida ele partiu. Não lembra de ter dito mais nada além disso. Em um único momento se achou feliz em ter sido fraco. Sim, ele não aguentou. Se vocês achavam que ele era forte, um homenzarrão que iria aguentar uma bala em seu peito como brincadeira, sinto informá-los que esse objeto aparentemente minúsculo foi o suficiente. Mas ele não morreu, na verdade ele nunca esteve vivo. Esse cara só existiu no sentido sintático da palavra, e não no poético. Ele era lúcido, e se crucificava todo dia por isso. Era aquele que, se falasse o que pensava, seria enforcado ou enforcaria metade da população. Era um visionário, que não suportava mais ser sufocado pelo sistema. Não enlouquecera. Ele era algo superior, algo indecifrável. Alguém que nunca e nenhum ser conseguiu atingi-lo ou persuadi-lo. Como uma tartaruga, na comparação mais medíocre possível, quando se fecha em sua casca. Tinha seu tempo, e sempre foi satisfeito com a incoerência dos seus segundos, minutos e horas. Ele tinha uma alma gêmea, era ele mesmo.
Fatalidade, sua morte. Alguém, em outras terras, em outro momento teria se lamentado com tamanha perda. Essa pessoa não seria eu, nem vocês (assim espero). Sua existência já deu o que tinha que dar.
Céu ou inferno? Não, simplesmente evaporou. Herói ou vilão? Nenhum.

Mas que eu queria ter o conhecido, ah... felizmente isso não aconteceu. Apenas sei que quando ele se foi, levou com ele a essência da verdadeira revolta.