domingo, 18 de julho de 2010

Incontável

Enquanto desenho estrelas, vejo o céu. Deleito-me na superfície de qualquer material. O céu é aqui e contar as estrelas são quimeras.
Mas se não fossem as quimeras, aonde estaríamos? Parados no tempo, suspensos no espaço, em alguma parte do universo que, certamente, não seria aqui. As estrelas estão em qualquer lugar. Melhor dizendo, em todo lugar. Olhos, pele, dentes. Mar, areia, brincos. Certas palavras ecoam de forma estrelar, refletem a luz das estrelas e tem a firmeza de estar num céu anil.
Porém, o azul celeste não as recebe, expulsa. Aquelas que insistimos em colocar no lugar dos pingos dos is. Aquelas que vemos. Que de repente somem para dar lugar a algo maior. Invisível, que ilumina os céus, os mares e os seres. A maior estrela, que nos banha de vida. Uma loucura completamente sã é querer tocá-la.

Guardar só para si.

Eu quero. Todas as estrelas que venham a me apaixonar, iluminar e satisfazer.
Pra mim, e só pra mim. Ainda que existam milhares por ai...
Você pode ser uma das minhas estrelas, eu posso querer-te. Diga-me agora, juntaria tuas estrelas com as minhas?
Ajudaria-me a desvendar os mistérios supraterrenos que elas nos ousam?
Desejo somente brilhar em algo, ou alguém. Um brilho singelo compartilhado com coisas.
Uma luz que, apesar de tímida e fraca, exista.
Que seja para mim apenas, talvez, mas seja.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Notas pt. 2

Como se já não bastasse o auto-medo, esse escuro é um absurdo. Para o escuro físico, basta apenas uma fresta de luz para vermos sombras de todas as formas. E para a escuridão da alma, ah! Não basta refletores, janelas e portas abertas. Nem ao menos alguém apontando uma saída. Esses artifícios só servem para aguçar o horror. Pessoas são doentes, são corrompidas. E se fossem apenas auto-destrutivas, quem dera. Mas não. O contentamento só aparece ao destruir o outro, as coisas ao redor. Aniquilam. E pouco se importam com isso. Me diz que não somos decepcionantes? Me diz que a luz no fim do túnel não está apagada ou que ainda não anoiteceu lá fora. Prometo ceder todas as minhas forças pra que isso não continue acontecendo.

A misantropia, lamentavelmente, tem fundamento de sobra...