sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Céus, ou seres

Cada indivíduo tem um endereço único n'um outro. Como se criasse uma identidade secundária, tal como você aparenta ser.
Fazendo uma analogia, digo que cada um é um lote do céu. E tudo isso cabe no espaço que chamamos de "vida acompanhada". Existem aqueles céus limpos que nos trazem calma, e os cinzas, pesados.
À qualquer hora, um céu carregado pode encobrir os belos. Aqueles do anoitecer e os estrelados.
Digo, como temos tempos inconstantes, isso é até comum. Ocupando o mesmo espaço, casualmente os deixamos lá para nos esconder do sol a pino.
Contudo, tendo o tempo uma vez fechado, o trabalho para abri-lo é dobrado.
Talvez um vento forte recheado de vontade. Ou aquela velha chuva pesada para secar as nuvens ajude. Antes a tormenta para após vir a calmaria que viver n'uma eterna ameaça de desabamento celeste.
Soluções que podem reparar, mas que também dependem muito da sua janela permanecer aberta.
Trocando em miúdos...
Uma vez notados os defeitos, diferenças e os conflitos de opinião. Outra vez irritado ou decepcionado, tendemos a esquecer que aquele sorriso foi um dia o mais bonito que você já viu.

E principalmente, o que um dia iluminou o seu lote.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Réplica

Duas vezes no mesmo dia disseram-me a mesma coisa. "Você deixou passar um acontecimento único na sua vida". Direito de resposta?

Deixei, não me arrependo. Deixei porque aceitei um conselho, porque quis ou sem um porquê. Deixei porque eu ainda tenho direito de escolher o que quero e o que não quero viver.
Deixei porque não sou tão facilmente sociável. Deixei pra poder ter o que me lamentar um dia.
Ou agradecer.
Porque era pra ser assim.
Porque também não era pra ser hoje.
Deixei, acima de tudo, porque todo dia é único na vida. Porque naquele ponto em que dei tchau escutando aquela música, despenteada, com frio e sozinha eu também vivi algo novo.
O fato de ser eu, o frio e a singularidade. O fato de ter escolhido deixar aquilo pra trás.

E não ter cedido à hostilidade.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Descontos

Para presentes, descontentamentos.
Para pedidos, negações.
Para desejos, falta de educação.

Não é somente isso que está mais em conta, não.


A grosseria e a estupidez também, porém nunca precisaram entrar na pechincha.
E, pra ser sincera, eu nunca vi tantos consumidores de uma vez.
É banana pra todo lado.
E alí na prateleira do lado, aos montes, os pacotinhos de sonhos de cortesia. Parece que ninguém viu.