quarta-feira, 23 de novembro de 2011

depois do livro de poemas

soa comum
curiosidade, senso comum:
indecisas conclusões
sobre causa e efeito
eu não sei
se intimidade tenho
ou se sou de vidro translúcido
se sou lúcido
se estou desnorteado
ou apenas orientado demais
mas agora estremeço ao frágil
não ao forte
prefiro a cólera ao deleite
não vejo futuro nas borras
não me vejo no futuro
mas em morrer não penso
apaixonado estava
mas um livro de poemas li
e já não me lembro por quem
então pelas minhas orelhas
voaram as borboletas
as do meu estômago
(antes do livro de poemas)
agora abraço um pranto
engasgado na página 92
"resíduo"
tudo soa comum
tudo soa comum
e Drummond, eu te digo:
aqui ficou o rato

sábado, 12 de novembro de 2011

germinação

claustrofóbico
preso, preso corres
verte, quente vazas
apertado

onde escureça
roxos, pálidos lábios
roxos, os dedos
pernas ao alto

agonia
para baixo, a cabeça
terra, entre dentes
raiz humana

frutos
rubros, anti-gravidade
expulsos, entre os poros
os pensamentos