sábado, 27 de setembro de 2014

fiz um rasgo batizado
algo com a palavra
o léxico, a cidade de
tel aviv
c'est la vie
odeio a língua francesa
e a mim cabia
(visto toda roupa de viagem)
tal correria deste rol
falta bebida na mesa de babette
e ainda assim
embriaguez permito
por isso cabe à cidade
e à estrela hexagonal
de tel aviv
visto a estação
o risco de andar à beira do canal

domingo, 21 de setembro de 2014

nessa algaravia pensante
não vejo meu carro-chefe
abre-alas, sal, o qual

um beiral de prato
feito clarividência 
do profundo ato de não chegar
não estar, o mal quando o é

ausentar-se d'um espaço 
nele estando
sem mistério
sem qualquer outro motivo
essa coisa rasa, infusão
chá de malva

terça-feira, 16 de setembro de 2014

os gritos subconscientes
serão celebrados
com grandes
e, sim, rápidos
afundamentos, quedas,
movimentos
nos baixios do atlântico,
onde turva
a matiz do azul com o negro
pensamentos e queixas
e todos os clamores
dos que navegam
pelos gritos
e urros
e duros
bancos de areia
submersos, uma festa
todos os gritos inflados
de ar dos pulmões
para nesse mergulho
uma hora venha, pois,
um descanso/remanso
mas um tanto de choque
na via interna, um momento
uns minutos sem fôlego:
durante o sono, mergulho em apneia
os gritos dos sonhos
são os filhos rebeldes
nunca voltam da festa

domingo, 14 de setembro de 2014

há filosofia bastante
em se banhar pela manhã
antes do pé pisar à rua
diminui-se o fluxo d'água

ou:

eu diminuo, pois,
imagino-me ao sair
descolada do meu corpo
a pele, o couro
a veste que não permite
o calor morar
doente entre meus ossos
o frio forma um nodo
(meu comparsa quiçá)

sobre o veio
de minha perseguição
vermífugo de realidade

(isolada para testes)

um buraco na vontade
sístole, diástole

alguém medindo
fraca pulsação
bombeando/bombardeando

(lembro a amiga morta
pelo próprio engasgo)

e, pelo silente, predileção

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

uma noite em zaire

uma noite em zaire
teu nervosismo escondido
sobre cordas de aço
uma noite na praia dos pobres
outras noites fugindo do vírus

surgindo como quadro
de frida sobre barba
uma noite conjugando
segunda pessoa

tarraxas perdidas
colunas minguantes
descoberta do cão, o osso

sintoma de poesia:

a costa do zaire,
teu nervosismo
essa mão comprida
mapeamento de veias

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

egonomia

como rastro de nicotina
sensação do completo errado
anti-mundo problema
"a criança é corpórea por natureza"
o jazz também, eu menos
meus bichos destroem os jardins
entediados
enquanto o vento na contra-mão
leva o rastro, traz o fio
de cabelo solto num pedaço de derme
feito formiga perdida do bando
a sapatear, que agonia me permito passar
o rastro, o meu fio de cabelo
crio um eigenwelt palavra dos meus estudos
em um fio: o corpo, vários eus