quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Torna-te real

São os ventos de Abril
Sopram, desenham e escurecem
Acredita que há horas atrás
Enraizaram-se em mim com um cheiro
Como um toque histérico
E seguem, obliquamente, capaz de exaurir,
Talvez, o mar mais profundo do meu íntimo
Descolorir o azul ou vermelho
Vulnerabilizar minh'alma
E esgotar meus segundos
Sem ao menos notar sua fúria
Ou apenas saciar-me e
Ainda, quem sabe, sonhar-te com meus olhos abertos
Sem receio de acordar, pois então já estaria desperta
Com ou sem um revés.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Para agora

Com a incerteza da segurança daquela gruta repleta de estalactites onde a brisa entra e assobia, contornando-as, as mesmas de séculos atrás, levanta-se e choca a mente.
Diante de algo indescritível, portanto, dá-se o descortinamento de todo o sentido e isso torna-se ofuscante de tamanha beleza. Tamanha fragilidade, onde um movimento brusco é capaz de inverter os extremos e dar cabo dessa beleza. Onde vacilar não tem vez.
Aquilo que a sua mira decide enviar-nos ao seu futuro. Errado está você, se ainda o presente está passando.
Errado estava, perdão.
Cresceu como nunca, fechou os olhos e sentiu o infinito interior, definitivamente, jamais se deixar dimensionar.
Silenciou e constatou, apesar do clichê, a essência é raramente manifestada:
Ser hoje.
Viver hoje.
Deixa o vento amenizar todo obstáculo. O vento que assobiará entre a insegurança a mais bela canção e, ele mesmo, quebrará o vidro tênue que nos separa da beleza e impede de tocá-la.
Acontecendo no intervalo da sua respiração.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobre uma lembrança (dos outros)

Retrato falado, escrito, vivido. Adornado com a simplicidade e a minha sempre presente e querida descrição. Teu rosto bem sereno, como quem nunca se afeta. Uns olhos distantes, brilhantes e coloridos com a água do mar. Foi um retrato tirado no meio da calçada, num esbarrar, num lapso de embriaguez. Tinha uma música e, incrivelmente, lembrava a infância dela. Um dia já você já lhe dissera que lembrava a sua também.
Não faltaram espectadores, mas curiosamente só havia um fotógrafo. Dois, um par de olhos e eram os dela. Apreciaram aquela cena de forma completa e você não viu quando ela disparou o flash. Na verdade, tinha desligado porque as cores estavam numa perfeita harmonia.
Assim como nunca quis que soubesse da fotografia, e você não sabe, também desconhece a reciprocidade das inocentes e impulsivas palavras que ela ouviu aquele dia. No retrato vejo você, apenas. Uns refletores e buzinas. Um coração disparado e um riso contido. Incontido após tudo isso, riram juntos e você disse a ela que a sua cara de espanto estava hilária. Que não precisava de tudo aquilo e que exagerou na bebida.
Não pense que desconheço o sentido das coisas, ela sou eu. E você também. Só que com mais alguma coisa... e foi essa coisa que afrouxou o nó das pétalas e azedou o sabor da uva. O vinho que eu bebia não é o mesmo, o verde não tem mais o doce sabor. A garrafa compartilhada já não era suficiente para o libido.
Nessa fotografia eu vos encontro junto a uma áurea de sentimento inenarrável, como uma identidade. Olha, ela não está nem tão envelhecida como nós teríamos imaginado que estaria... Mas é nesse porta retrato que a poeira se acumula com maior intensidade.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Semi-gravidade

Sois vento brando
Encosta-te amiúde
Azul celeste encoberto e furtacor

Deixa-me à deriva
Na esquina do oceano
Desancorada entre gigantes ondas

Torna-te balanço furioso
Quando lança-me sobre as nuvens
Ó, vento brando,
Poderás tu nunca largar da minha sombra?

E, pelos meus pés, puxar-me para baixo novamente?

Somente por algumas vezes... Somente quando o espaço parar de clamar por mim. Ou eu por ele.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cerne

O vermelho e suas várias tonalidades mescladas. Códigos e pesos indiscutivelmente difíceis.
Corda pendurada e a visão d'um jardim. Você só se enforca se não souber pulá-la.
Circular ou, sabe, uma forma anatomicamente conhecida. E distorcida. E infantilizada.
E que rima com negação, com sedução e com ambição. Se entrelaça com a razão, perdição e a estação. Ferve nas areias durante o verão quando encontra aquela ligação.
Que encaminha para a mesma corda,
A corda da cor da pulsante e inconstante
Que manifesta-se entre válvulas de escape
N'um canto de página, nos olhos, no susto
Ou onde você recolhe sua mão em respeito à pátria
A cor da sombra de um âmago incompreendido.

Uns tem, outros fingem não ter.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Reflexo intrínseco

(...) Com um olhar num misto de tristeza, aversão e curiosidade ele parava e observava ao redor. Costumava ficar envergonhado com o humor pervo e ácido das pessoas, mas isso foi ficando cada vez mais para trás. Em um passado onde já perdera a identidade e com suas células triplamente regeneradas, morava algo. Algo essencial, simples, puro. Não era de alguém, ou daquilo. Costumamos chamar de medo, e se era isso mesmo, ele o entendia como um sentido de existência. Sabia que vivia somente para superá-lo, ora mais... Como ter medo do medo? Ele é apenas algo abstrato... ora mais, não venha me dizer que você tem.
E assim, como um escorpião, provava do seu próprio veneno. Entretanto, não eram doses letais, um pouco a cada dia e ele degustava desse fel. Resistia fortemente a cada gota que se dissolvia no seu sangue.
Habituou-se ao veneno do, como dizem? Medo, como um entorpecente o qual o fazia perder o sentido. O tal medo é isso, droga lícita que de tanto usar vicia. E enlouquece. Ele acumulou medos, percebe? Doses e mais doses... Não entendo. Talvez ele esteja a me olhar agora, olhou de novo e está na espreita, estão vendo?

Foi esse o instante em que me olhei duas vezes no espelho...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cometa

Cometo, competi. Advirto e admito!

Comigo, compilo.
Sendo assim, sou a junção de parte sua e parte minha. Sou o mundo em dedos e linhas tortas.
Aponto e afronto.
Apronto, réguas e ponteiros. Risquei!

Flutuo na cauda do cometa, rápido. Cometa, vai!
Mas não valerá a pena, e você é consciente.
Ciente. E sente.

Sente...
Sente....

Sentava.

Senão ainda mais sentido, esperava.

Não cometerá mais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um triz - 2

(...)

Sem controle, n'um segundo
Impediu o movimento
Apagara a luz do mundo
Respira, já passou
Torto já se olhou
Para o rosto coberto de vento

Que, sem direção
Sal, gosto ou expressão
Passou tão perto
Do arrepio aqui descoberto

E se foi
.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Um triz

Intusiasmo fugaz

Digladiando-se sob a pele

Instinto, aqui jaz

Percebes como era leve?

(...)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Éden

Beleza simples, como um jardim florido. Nada fora do comum, só uma lua com um formato inusitado. Minguando para a cheia. Mais ampla impossível. Como aquele sorriso contido onde não desejava estar, entretanto ali estava. Com você numa eterna continuidade, pesado deveras a ponto de tornar-se leve como uma pena que escapa com um sopro gentil. Contraditório não é, real sim. Olha, você tem um mundo seu, com planetas em sua órbita. Quantos quiseres. Uma árvore com folhas brancas ou fluorescentes, assim como a espuma do mar a noite. Nossa herança é rica, tão doce quando o mel mais comum. Sem limite, sem corpo e nu. Sem pecado original, ora... onde já se viu? Dançando nas cordas daquele instrumento desafinado que toca os acordes mais lindos. Capazes de ecoar até nos lagos verdes cheios de vitória-régia por trás das montanhas. Entre as nuvens. Nós somos puros. Sem imposições de raízes fincadas. Aí, aconchego o sol nos olhos nesse nascer e morrer diário. No alaranjado, bordou-se um salto de golfinhos. Entre várias redes flutuando num descanso ventilado, confortável e sim, estrelado. Meu bem, nós só temos tudo isso pois nada disso nos possui. E porque não temos nada. Temos só o mundo sob os nossos corpos e gozaremos dessa eternidade enquanto ela durar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Indireta

Ele finge a timidez
Diz que essa é a primeira vez
Ela ousa e pede foco
"Será que assim eu o sufoco?"

Situação banal
Adversários numa relação
D'um comportamento ideal
Para romper a ligação


Algumas intenções devem ser escancaradas deixando de lado as indiretas sutis. Aprenda a dizer o que você quer que os outros entendam. Uma vez que as deduções podem ser absurdamente contrárias.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Céus, ou seres

Cada indivíduo tem um endereço único n'um outro. Como se criasse uma identidade secundária, tal como você aparenta ser.
Fazendo uma analogia, digo que cada um é um lote do céu. E tudo isso cabe no espaço que chamamos de "vida acompanhada". Existem aqueles céus limpos que nos trazem calma, e os cinzas, pesados.
À qualquer hora, um céu carregado pode encobrir os belos. Aqueles do anoitecer e os estrelados.
Digo, como temos tempos inconstantes, isso é até comum. Ocupando o mesmo espaço, casualmente os deixamos lá para nos esconder do sol a pino.
Contudo, tendo o tempo uma vez fechado, o trabalho para abri-lo é dobrado.
Talvez um vento forte recheado de vontade. Ou aquela velha chuva pesada para secar as nuvens ajude. Antes a tormenta para após vir a calmaria que viver n'uma eterna ameaça de desabamento celeste.
Soluções que podem reparar, mas que também dependem muito da sua janela permanecer aberta.
Trocando em miúdos...
Uma vez notados os defeitos, diferenças e os conflitos de opinião. Outra vez irritado ou decepcionado, tendemos a esquecer que aquele sorriso foi um dia o mais bonito que você já viu.

E principalmente, o que um dia iluminou o seu lote.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Réplica

Duas vezes no mesmo dia disseram-me a mesma coisa. "Você deixou passar um acontecimento único na sua vida". Direito de resposta?

Deixei, não me arrependo. Deixei porque aceitei um conselho, porque quis ou sem um porquê. Deixei porque eu ainda tenho direito de escolher o que quero e o que não quero viver.
Deixei porque não sou tão facilmente sociável. Deixei pra poder ter o que me lamentar um dia.
Ou agradecer.
Porque era pra ser assim.
Porque também não era pra ser hoje.
Deixei, acima de tudo, porque todo dia é único na vida. Porque naquele ponto em que dei tchau escutando aquela música, despenteada, com frio e sozinha eu também vivi algo novo.
O fato de ser eu, o frio e a singularidade. O fato de ter escolhido deixar aquilo pra trás.

E não ter cedido à hostilidade.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Descontos

Para presentes, descontentamentos.
Para pedidos, negações.
Para desejos, falta de educação.

Não é somente isso que está mais em conta, não.


A grosseria e a estupidez também, porém nunca precisaram entrar na pechincha.
E, pra ser sincera, eu nunca vi tantos consumidores de uma vez.
É banana pra todo lado.
E alí na prateleira do lado, aos montes, os pacotinhos de sonhos de cortesia. Parece que ninguém viu.

domingo, 18 de julho de 2010

Incontável

Enquanto desenho estrelas, vejo o céu. Deleito-me na superfície de qualquer material. O céu é aqui e contar as estrelas são quimeras.
Mas se não fossem as quimeras, aonde estaríamos? Parados no tempo, suspensos no espaço, em alguma parte do universo que, certamente, não seria aqui. As estrelas estão em qualquer lugar. Melhor dizendo, em todo lugar. Olhos, pele, dentes. Mar, areia, brincos. Certas palavras ecoam de forma estrelar, refletem a luz das estrelas e tem a firmeza de estar num céu anil.
Porém, o azul celeste não as recebe, expulsa. Aquelas que insistimos em colocar no lugar dos pingos dos is. Aquelas que vemos. Que de repente somem para dar lugar a algo maior. Invisível, que ilumina os céus, os mares e os seres. A maior estrela, que nos banha de vida. Uma loucura completamente sã é querer tocá-la.

Guardar só para si.

Eu quero. Todas as estrelas que venham a me apaixonar, iluminar e satisfazer.
Pra mim, e só pra mim. Ainda que existam milhares por ai...
Você pode ser uma das minhas estrelas, eu posso querer-te. Diga-me agora, juntaria tuas estrelas com as minhas?
Ajudaria-me a desvendar os mistérios supraterrenos que elas nos ousam?
Desejo somente brilhar em algo, ou alguém. Um brilho singelo compartilhado com coisas.
Uma luz que, apesar de tímida e fraca, exista.
Que seja para mim apenas, talvez, mas seja.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Notas pt. 2

Como se já não bastasse o auto-medo, esse escuro é um absurdo. Para o escuro físico, basta apenas uma fresta de luz para vermos sombras de todas as formas. E para a escuridão da alma, ah! Não basta refletores, janelas e portas abertas. Nem ao menos alguém apontando uma saída. Esses artifícios só servem para aguçar o horror. Pessoas são doentes, são corrompidas. E se fossem apenas auto-destrutivas, quem dera. Mas não. O contentamento só aparece ao destruir o outro, as coisas ao redor. Aniquilam. E pouco se importam com isso. Me diz que não somos decepcionantes? Me diz que a luz no fim do túnel não está apagada ou que ainda não anoiteceu lá fora. Prometo ceder todas as minhas forças pra que isso não continue acontecendo.

A misantropia, lamentavelmente, tem fundamento de sobra...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Soneto de Despedida

Me vem com suas armas
Cores e sabores
E é a outra que abraças
Provocando-lhe rubores

Do cheiro que tens
Evoca memórias
De melancólicos trens
Vazios, sujos e sem glórias

Agora com maestria
Foge do amor de outrora
Como um balde de água fria

Arranca do peito o espinho fincado
Despeja no ralo o que lhe foi dado
E a saudade vai sumindo agora.

Um

Sorrisos de canto de boca
Um "Eu tenho o amor"
Um, apenas um.
Agarrado a um dos seus pés
Deveras triste
Manda-o para longe
Para um pouco longe
Um, tudo um
Sempre um
Unilateralismo sentimental
Um homem
Que sempre esteve aqui
- Ele ainda está aqui?
- Esperando por um sim, acredita?
Um bendito sim cheio de culpa
De um ser humano
Que, como de um acalanto,
Tem dó de despertar para um outro
Pois pode se perder
Um, dois
Dois, que podem ser um
Faca e o queijo

Mas a faca tá cega
E a intenção tá se apagando...

sábado, 19 de junho de 2010

SAC

Num certo dia em que renascera, deparei-me com a vaidade ao lado de um próximo. Reconheci-o, como se vendo através de um espelho. E estava nítido. Liguei e reclamei. Tinha adquirido essa nova vida depois de muito economizar, aí vem Fulano e me vende essa porcaria.
"Não aceitamos devolução".
Tudo bem, pensei, moldar-me-ei conforme os bons princípios.
No final do dia, cheguei a conclusão que se você ainda quer ser reconhecido, seja extremos. E hoje, eu fui péssimo. Claro que propositalmente. Justifiquei de forma medríocre o azar de ter cruzado com aquele vendedor. Sei que azar e sorte não existem, você tem que criar condições propícias para acontecer coisas boas com você. Fiz um monte de notas, escrevi para um jornal, fiz ligações, briguei com um pedinte na rua, li, falei sozinho...
... e chorei. Ao enxugar as lágrimas, como uma luz, vi um lado bom. Eu, nessa vida, tinha uma mente perigosa (o que costumam chamar de mentes férteis). Nessa hora, já se passava das 22hs. Aproveitei, por assim dizer, para produzir. Me senti genial. Manipulei os outros, que diversão. E o sono, finalmente, chegou.
Adormeceu sem sonhos para sempre daquela vida com dois pensamentos.
O que me espera na vida de amanhã?
Será que ela vai ler os poemas que coloquei por debaixo da sua porta?

Já que hoje só tinha essa vida, aproveitou do seu jeito. Não era perverso, só tinha uma mente a mil. Fraqueza, isso talvez. Não conseguiu apontar para um lado bom. Mas a verdade é que vida do outro dia lhe prometia...

domingo, 13 de junho de 2010

Notas pt. 1

Sentir-se como uma peça de Lego, sem encaixe nem combinações possíveis. Aquela peça que se enganou de pacote. Erro. Consolo-me: é uma peça (quase) indestrutível. Eu nunca vi uma peça de lego quebrada, você já? Em contrapartida, perdê-la não é uma tarefa nada difícil...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Memórias de um suicida- o fim.


Memórias de um suicida - parte 3

"Se é para me inibir com remotas possibilidades de mudanças, eu dispenso."

E dessa vida ele partiu. Não lembra de ter dito mais nada além disso. Em um único momento se achou feliz em ter sido fraco. Sim, ele não aguentou. Se vocês achavam que ele era forte, um homenzarrão que iria aguentar uma bala em seu peito como brincadeira, sinto informá-los que esse objeto aparentemente minúsculo foi o suficiente. Mas ele não morreu, na verdade ele nunca esteve vivo. Esse cara só existiu no sentido sintático da palavra, e não no poético. Ele era lúcido, e se crucificava todo dia por isso. Era aquele que, se falasse o que pensava, seria enforcado ou enforcaria metade da população. Era um visionário, que não suportava mais ser sufocado pelo sistema. Não enlouquecera. Ele era algo superior, algo indecifrável. Alguém que nunca e nenhum ser conseguiu atingi-lo ou persuadi-lo. Como uma tartaruga, na comparação mais medíocre possível, quando se fecha em sua casca. Tinha seu tempo, e sempre foi satisfeito com a incoerência dos seus segundos, minutos e horas. Ele tinha uma alma gêmea, era ele mesmo.
Fatalidade, sua morte. Alguém, em outras terras, em outro momento teria se lamentado com tamanha perda. Essa pessoa não seria eu, nem vocês (assim espero). Sua existência já deu o que tinha que dar.
Céu ou inferno? Não, simplesmente evaporou. Herói ou vilão? Nenhum.

Mas que eu queria ter o conhecido, ah... felizmente isso não aconteceu. Apenas sei que quando ele se foi, levou com ele a essência da verdadeira revolta.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Não mais.

Aviso de desistência. Como fazer?

Primeiro passo: coragem.
Segundo passo: agir.

E agora, poder respirar.



É que, ao contrário que muitos pensam, o primeiro passo da desistência é a coragem, e não o medo e a covardia.
Desistir é ter liberdade. E eu falo de um modo generalista. Mas veja bem, não existe liberdade plena. Quando você escolhe ter liberdade você já se prende a alguma coisa, no caso, à sua escolha. Então, mesmo que viva uma liberdade ilusória ou apenas temporária, arrisque forjá-la. Lembre-se que a liberdade é como a felicidade, não existem por completo. Você nunca é cem por cento livre ou feliz. Contudo, nos traz satisfação. Na verdade é isso que importa, estar contente.
Escolher desistir é ter força. Sem ter que se façam entender os motivos, apenas dê o suficiente para aceitá-los. E nem precisa ser polêmico, é só sair à francesa.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Invertido

Eu gosto do incômodo.
Da claridade que comprime minha retina
Da transpiração causada pelo calor
Da agulha que para a linha é muito fina
Do batom que perdeu a cor.

Também gosto do improvável
Do coração de aço que amoleceu
Da coragem que o medo produziu
Da flor que da pedra nasceu
Da beleza que ninguém viu.

Não fujo do clichê
Das palavras repetidas
Da vida acompanhada
Do otimismo pelas notícias lidas
Das novidades por crianças reveladas.

Na verdade tudo é mentira
ou na mentira tudo é verdade?

Surreal!

(No lugar de retina seria pupila, mas para o bem dessa rima pobre ficou retina)

sábado, 20 de março de 2010

Roleta-Russa

Quando você quer quebrar o paradigma "café com leite" da sua vida. Resolve desestabilizar: faz a diferença.

Fazer a diferença para você ou para os outros? Não importa.
O problema são as consequências dessa diferença. Pra você ou pros outros? Aí importa.

Tudo deve ser pensado. Entre premissas, uma reflexão.

Sem reflexão, uma ação. Ação proveniente de um certo desequilíbrio. Sabe-se que agir nunca é isoladamente. Culpa? É apenas da sua necessidade de ser um participante ativo do jogo.

Agora, você não pode chorar pelo leite derramado.
Portanto... que joguem os dados.

sexta-feira, 12 de março de 2010


"Lá onde o mar se acaba

Quando as estrelas podem ser contadas

Deixo-me rimar

Para te encontrar

Mas não vou encontrar

Nem tampouco rimar

Esse lugar não existe...

... Triste."


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Start

Regredindo.

Como da matéria ao pó, já que nada se destrói. Do máximo ao mínimo. Dos séculos aos segundos.
Do sentimento ao comodismo. De todos ao individual.

Existem regressões difíceis, e outras necessárias.

Interrupções, novas visões, novos conceitos antes do final. E nós temos que estar sempre dispostos a modificar. Transformar costumes antigos em novos. Ou até regredir ao ponto de não ter uma visão formada. Deixar-se livre para ao adquirir opniões alheias, formar novamente a sua.
Já que também nada se cria, tudo se transforma.

Do cansaço à compreensão. Da raiva à paciencia. Do tudo ao quase nada.

Da precaução ao arriscado. Do comodismo ao sentimento.
Não perder a oportunidade, não desistir de presenciar e viver seu próprio retrocesso.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ele.

Você encardido
com suas veias amareladas
de um odor irritante
dono das respostas mais sábias
dotado de paciência sem igual
que acalma, e intriga
ferve, esfria
emana o que há de mais precioso
fala por mim, por nós
e essa grafia torta?
e o que falar da retórica
que entra pelos olhos como uma fluidez inimaginável
viaja pelos meus membros
arrepia
dói no coração, ou na consciencia
e o fim? ele não existe, não
ficará gravado nas entranhas
como se fosse até intrínseco
suas 5 letras dizem muito mais que isso
substantivo masculino que satisfaz a ambos os sexos
calhamaço?
é o livro.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A semente

Não é apenas impressão. Sei que estou assim, não muito bem. Plantei a sementinha da dúvida, e vi nascendo a certeza. Não no meu jardim, porém em um outro. Estou aqui do lado torcendo para que germine e dê bons frutos para quem o plantou. Dizem que a gente colhe o que planta. Eu sei o que estou colhendo, ou melhor dizendo, o que não estou. Meu consolo é saber que o jardim do vizinho é sempre o mais verde. Dessa forma, sendo suficiente eu admirá-lo. E ainda quem sabe não me inspirar nele? A gente aprende assim, colhendo frutos secos, ou nem os vendo brotar. Tentando arrancar para longe as ervas daninhas que insistem em se multiplicar. Ou até mudando o adubo e a forma de aguar. Até cair a ficha que, o que está errado não é isso, e sim o que está sob a terra. Enquanto a minha sementinha não me dá frutos saborosos, estou aqui, esperançosa, para que um dia ainda se surpreendam com a beleza do meu jardim. E, enfim, eu acalme a minha alma indecisa.

Ter que fazer por onde.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

silence.

Acordar com uma queda de energia. Não houve barulho, só o silêncio. Acorda-se com tamanho silêncio? Sim. Nada de barulho de ventiladores, arcondicionados ou qualquer outro aparelho que faça algum som. Ainda não tinha amanhecido, só a penumbra do mundo.
O silêncio é genial.
Ele te ilude e te domina. Aguça todos os seus sentidos, principalmente o auditivo.
É incrível como tudo lhe toma a atenção. Escuto o bater das asas dos passarinhos, algum gato brigando na rua, o assobio do vento ao atravessar os orifícios da janela. Até o vizinho delirando no próprio sonho.
A imaginação aflora. Tantos sons desconhecidos levam a imaginar o que deu origem à eles.
Se eu consigo dormir em um profundo silêncio? Não. Os pensamentos ecoam no ar.
Acho que sou acostumada com o som do motor do ventilador por perto. Prefiro meu paradoxal silêncio barulhento.

=)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

cariño


Existem mil formas de ter e fazer carinho. Não se resume em toque físico, ou isso que banalmente a gente julga ser. O carinho passeia desde o silencio ao ouvir alguém desabafar, à uma simples forma gentil de cumprimentar. Ao fato de tratar bem, em linhas gerais.

Não somente para com terceiros. Com você mesmo, com as coisas e o meio ambiente. Por mais que difícil seja a tarefa de falar sobre o meio ambiente com as pessoas, tento uma vez aqui outra ali inserir algo. Se faz necessário e possível, já que isso aqui é uma forma democrática de expor pensamentos. Só para não ser tão chata, vou ser breve. Posso generalizar que todo mundo gosta de carinho. Abrindo mais o leque, proteção também. Porque não fazer com ela, a natureza, o que a gente quer para si? Agir de uma forma que não a agrida tanto quanto já está. Antes disso pense! Que, como você, ela está viva.

Não lhe dar a devida importância é ignorancia.

Deixá-la morrer, é se deixar morrer.

Sendo assim, nem que seja para ter um pensamento individualista. Pense em você, se quiser continuar vivo, não a maltrade. Acorde para a natureza e se salve.
Não é o certo, mas é uma saída. Ela precisa se encontrar em boas mãos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Memórias de um suicida

Memórias de um suicida- parte 2

Ele sentia o cheiro da pólvora. Como se ela, quando misturada ao sangue, resultasse numa combinação ardente. Escorria pelo seu corpo essa mistura, e lhe dava prazer. Seu corpo estava em completo transe. Dormência, ilusão, adrenalina. Abriu os olhos, observou a desordem ao seu redor.
Sim, ele ainda estava sentado. Em sua mesa, a carta à vida junto à caneta que a escreveu. Ao redor, as coisas de sempre: cigarro, um copo de bebida vazio e papéis, os quais não lhe dava importância.
Achava que ouvia sirenes, pessoas na rua conversando sobre algo que não entendia. Tudo parecia muito normal. A morte não lhe parecia tão agradável como imaginava. Porém, em um segundo censurou-se. "Caia na real, você não está morto!" Nesse momento, a frustração do mundo inteiro caiu sobre ele. Como, se estava tudo planejado com a devida minuciosidade de detalhes?
E ele se sentia o cara mais inútil dessa humanidade. Que, nem para dar cabo de sua própria vida, servia.
Ele só queria o esquecimento, contudo no mesmo instante ouve gritos chamando pelo seu nome. E um "socorro". É, acho que o resgate estava a caminho enquanto ele se afundava em sua poltrona: poço de suas lamentações.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

estoy aqui...

Odeio abandono. É uma atitude individualista e mesquinha. Como se tal coisa, ou alguém, não existisse. O abandono mora na falha da memória e falta de vontade. E essa falta de vontade nasce junto com a preguiça.
É triste isso.
Blog, não te abandonarei!

Queria, com a permissão dos senhores leitores, parabenizar a todos os meus amigos, conhecidos, desconhecidos, sortudos e estudiosos que passaram no vestibular! Se houvesse a possibilidade dessa felicidade que toma conta de nós ser dividida, tenho certeza que todo o mundo sentiria uma pontinha que seja de alegria. Estou feliz por mim, como também por aqueles que vi na batalha desse ano de estudos. E que, por mais que muitos problemas insistam em aparecer, a gente soube lidar e estamos aqui pra contar história.
A gente colhe o que planta, não é o que dizem? E, precisando de sorte ou não, estamos colhendo bons frutos.
Obrigada e parabéns a todos!

beijos e queijos!