domingo, 13 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ela ficou para trás

é tirol, ao meio dia
recosta-se sobre o assento:
a vista o seu regaço

o vermelho dura quarenta
longos segundos
eu a observo, mas parto

ela fica pra trás
por mais infinitos
dois segundos de cansaço

ela fica paulatina
conduzindo cabisbaixa
cismada a jogar-se de seu terraço

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Gás Nobre

eu, no limiar
de maiores deleites
e dos piores temores
também estou lá

como quem sobrenada
sob a superfície
sendo meu lençol
o espelho d'água

anseio impelir-me ao fundo
e captar do escuro
o qual faço parte
meu arbítrio para o mundo

sexta-feira, 4 de maio de 2012

debaixo d'água

sutil e terno
como tentáculos
do polvo que,
quando me dissera
o quão parecido
era consigo
quanto aos 3 corações,
eu pude entender
claramente, por fim
sua metáfora
comigo

sobre-óculos

envolta mente
marrom, ágata virgem
nasço das lentes

Paradigma do sufoco

adormeço lacrimejando
antes fosse de bocejar
com olhos fundos
despertei, convivi
e, a cada encontro
com meu reflexo
de soslaio ou por inteiro
eu estava bela
como há tempos não reparara
escovei os dentes chorando
num movimento melancólico
a escova, a pasta e,
sobretudo os dentes,
cantaram-me:
"- Mas por que estás assim?
com seu alforje de mágoas
tão carregado, se teu luto
já devia ter passado?"
com os equipamentos cantantes
em seus suportes, pasta e escova
seguros de suas utilidades
dei-me conta que era
meu único estigma
o desamparo
perante mim mesma
Freud errou na previsão
meu luto não passou
agora já não choro
mas não confio
que tal intervalo
dure mais que esse
ou talvez esse
estalo ou esse
verso