quarta-feira, 30 de outubro de 2013

o que não dá pra negar

o que não dá pra negar
condição constitutiva
diferenciável
sexo feminino
que se opõe a algo
hormonalmente altiva

o que deve-se dissimular
o som do queixume
ao entediado homem
sexo masculino
que corre no fluxo do belo
vacila e sucumbe

onde eu devo parar,
sendo o caso de vaidade
salva e devasta
o sexo que tanto faz,
ler as obrigações no céu
ou dormir uma infinidade?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

a calma (vovô)

meu avô é o sábio
que enlouqueceu
apesar da ignorância
sabe o que se deu

ontem me falou
sobre ter que se desligar
mas eu pouco entendi cá
"tem que vortá ao naturar"

me perdoe, vovô
rezaremos mais dois mistérios
mas agora me vou
e então lhe falo sério

a salve rainha é extensa
o credo talvez menos
enquanto ouço, não rezo
enquanto falas, eu penso

na cantiga de ontem
que não ouço mais as notas
a lucidez bate na porta
é o carma do homem

"é a carma do homi
que vigora no instante
em que nós se apavora
que me cura e se some"

meu avô, eu lhe entendo
agora que você vai
volta pra casa em paz
que a calma eu vou mantendo

haikai o voo

o que fiz é fato
sobre voar, mas por dentro
e caí em silêncio

haikai*

amar é nutrir
retroalimentação
seiva elaborada

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

quando me vejo

quando me vejo
tão fora de mim
o que isso quer dizer?

que quero voltar
quero voar, forçar a nadar
me atravessar
baixar as vozes
sentar e pensar
refazer um ser
sozinho
sabido que o se
é sim e que o sim
é talvez
e não saber
que o que se fala
é infelicidade

quando me vejo
tão dentro de mim
já desisti

domingo, 13 de outubro de 2013

"Recordarás por qué te gustas leer"

Carlos Ruiz Zafón.
A sombra do vento.

"Bea diz que a arte de ler está morrendo muito aos poucos, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, que colocamos nossa mente e alma na leitura, e que esses bens estão cada dia mais escassos." (p.396 - antepenúltima página do livro)

O título da postagem é uma frase que tem na capa da página do facebook do autor. Poucas vezes uma capa fez tanto sentido. Eu nem sei se quero ler outra coisa de Zafón, tenho medo de me decepcionar. Realmente há poucos livros os quais sentimos tal identificação. Não que eu tenha passado por coisas semelhantes ao personagem principal, não sei.
Não sei que magia é essa.



Prefiro continuar sem saber.

Também, agora, não vou passear pelo enredo e registrá-lo aqui. Peguei esse livro às cegas e se o forem fazer, façam igual. Se alguém aceita recomendação, sem que eu vire analista, eis aqui uma.

Lembrei-me mesmo. Obrigada, Zafón.