domingo, 26 de janeiro de 2014

hodiernus II

levar uma vida mundana
com sol nas têmporas
amor nos dedos
suor entre os seios

levar a vida mundana
ser feliz sem atropelo:
com ganas de ignorância

levar a vida sem queimar as pestanas

sábado, 18 de janeiro de 2014

do verso

meu verso é de beira
piscina, penhasco
o verso é fronteira
entre o equilíbrio
e o descompasso

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ritmo

confessional
cidade antiga
oferece-me os tais
pedaços lexicais
cujo ritmo meu
é o mesmo teu
confessionais
cheios de ais
e o cais
com tantos sons
musicais
e quanto a presença
ademais

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

sino das quatro

não mais ouço
o sino das quatro
onde estão os sinos
que me atormentavam?

era o sino das duas
(agora recordei-me)
nunca houve outro
azar dessas luas

que quando nascem
às quatro
merece aplauso
ou quadro

mori

quantas linhas
não pragmáticas
sem táticas
estas, as minhas

há horas em perigo
bebendo o que
sem nenhum trigo
vem a ser

de verdade bebida
ou um alfabeto
que assim incompleto
tragam tais linhas

linhas sem fundamento
sem conhecimento
sem pressentimento
sem crescimento

só memento
mori
e algum lamento

certo

um certo homem
cuja vida deve

um certo garoto
cuja vida lhe deve

deve ao homem
deve o homem
deve à vida
deve a vida
devemos, porém,
agradecida

domingo, 5 de janeiro de 2014

vortex

ao que se volta a ausência
do ser que continua
a se voltar ao poema
do ser que mutuamente
se volta a ausência
que se estende ao poema?

tus

aquela esperança
me toma, pois, foi tu
essa voz sempre mansa
mas, olha, descansa

foi,
o que de melhor tive,
essa coisa que alumiou.
ouvi o que tu disse
na voz de um cantor

(contanto que logo passe
música, enlace)

suposta sorte, a luz
dorme bem, me valeu a aposta
de cada noite teimosa
dos meus olhos nus

do meu peito de afagos
e de todos os seus
tus