para adélia danielli.
era são joão perto do campus
adélia olhava com visgo pra frente
seu cigarro amarelando os dedos
(afronta ao meu moralismo raso)
no meio do escarcéu quadriculado de pessoas que sequer sabem de onde vinha todo o milho caro que enganavam os pós-modernos
há dias lembro de adélia sem que ela saiba
sem que eu não morra por não dizer a palavra
evito ler adélia, pois quero aquela lembrança
que me salvou da agorafobia
e me devolveu a pressão da artéria
ainda recorro à adélia na multidão
para encontrar a calma
amarela e preta
três anos depois
adélia: matéria de sal
sob a língua