sexta-feira, 7 de junho de 2019

tessarine

"e o poema acontece diante os olhos os ossos"
(nina rizzi)
já que há dois olhos:
trabalha-se
e lê poesia:

um perfumista que inala café, mas não para esquecer
uma barista enojada servindo alta mogiana
os jovens flanando sob uma fotografia risível

o animal espreguiçando se aninha a alguém
cujo tom da voz espalha feito canção

[mas o silêncio espaço mãos músculos
é que atrofia]

as casas numéricas do pi,
o hiperbólico:

há quantos olhos para ver poesia?