Ser inerte
A mim é inerente
Exteriormente
Sou o vermelho poente
A oeste descrente
Serenamente
Ardente
Dentro se inverte
segunda-feira, 25 de abril de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Nota póstuma
Conseguiria você assistir sua vida inteira n'um dia? Lembrar de tudo o que é possível lembrar? Inclusive cada canto de parede com infiltração, com emoção? E lamentar o vazio que você sente agora por não ter lembranças recentes, nem velhas a serem recordadas novamente? E o sentido de tudo o que se passa inverte-se ou (e é aqui que você se dá conta) não existe mais porque, Charlie, você não pode lembrar do futuro? Sim, mas por favor, só não morra antes de estar fatídicamente morto. Mesmo que a iminência do abismo final, do primeiro pulo, último erro, do maior frio na barriga e do prelúdio para o fim da guerra sejam realmente tentadores.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Antirracional
De nada me lembro das rubras maçãs do rosto daquela noite de outubro nem das tardes de novembro cheias de flores porque era primavera mas as flores só nasciam dos seus cabelos e eu não lembro de esquecer portanto eu não lembro eu esqueço de lembrar de esquecer do long play arranhado sob a agulha que quando começa a repetir não para mais até deixar-me sem ar como nesse texto porque eu recordo e remoo e eu vejo luz personificada um ser humano que é doce tão quanto o opa mas eu estou começando a reconstituí-lo em um mosaico estrelar colando com maresia e eu estou lembrando aos poucos das lacunas nos escritos sem conseguir esconder mas escondendo a viagem aromática compartilhada porque eu me lembro lembro lembro x100 e o meu toca-discos está louco remetendo àquela música que dura mais de vinte minutos porque nenhum LP que eu possuo tem essa duração toda nem a gente teve por isso dançamos em baixa
rotação baixa rotação baixa rotação chiando e rodando ro dan do r o d a n d o
rotação baixa rotação baixa rotação chiando e rodando ro dan do r o d a n d o
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