Mesmo que a olhos nus
(só se observe o coma
imóvel, quieto
a vagarosa respiração
o sono)
Ainda assim
II
Os refletores dos portos
Mais que longínquos
No alto dos faróis
(em cada cais
em cada pedra
em cada fenda)
Nas marinas, a espuma
A calma baía
Mostram-me os barcos
As velas, o vento
Oscilando entre as formas
(de algum corpo)
Das transeuntes águas-vivas
Até a proa enroscadas
III
Apesar do saudosismo
Nunca naveguei em mar aberto
Mas a olhos fechados
Onde o náufrago é certo
(o mar é aqui
a imensidão enclausurada
o silêncio, o toque
a melodia no vácuo
onde inexisto)
IV
Entre a córnea e a pálpebra
Entre a América e a Ásia
A grandeza infinita
Tal como o céu
Bem como toda inércia
Infinito pacífico
Oceano Pacífico