terça-feira, 5 de novembro de 2013

O pôster dos Beatles

O pôster dos Beatles quase não me deixa dormir. Sobre meus livros encaixotados e preso em um quadro herdado. Ventilador soa mal quando, de encontro com folhas, as faz se mexerem. Tudo isso é no contra-turno comercial, quando já próximo ao despertar, pelo tempo escoado pelos minutos letárgicos de fazê-lo parar. A preguiça que alimenta imobilidades quaisquer, a não ser o virar de cabeça. Enquanto isso, adormecer se torna novela em seu último capítulo: um drama à parte. 

O pôster dos Beatles, aquele que nunca emoldurei (pobre Ringo, George, Paul e John). Que, de marcas amassadas, está cheio. Ontem quase não me deixou dormir. Falando em dormir, coisa rara nesses tempos, há alguns minutos bastava a visão de uma rede para eu adormecer. 

A letargia infantil, mote de qualquer ser grande, dormir como anjo. Vejo bebês adormecendo dentro dos carros, nos colos em fila de banco barulhento. Vejo amigos cheio de olheiras por mais de um dia sem um cochilo sequer. Vejo que o pôster dos Beatles me manteve acordada. Não vejo muito bem o porquê de sons tão amigáveis não me fazeram pregar os olhos. Vejo minha imobilidade como proposital, neste caso.

O pôster dos Beatles que eu nunca mais vou emoldurar. Nem pregar na parede com tanto orgulho. Pôster que fez meu inferno, com pessoas que já me iluminaram. Preguiça que toma pelos pés a esperança. Preguiça que contamina não só eu ao dormir. Pena que eu não dormi.
Todo mundo tem um pôster.
Dos Beatles ou dos Novos Baianos.

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