sábado, 30 de maio de 2015

eu sei: qualquer um de nós
poderia pensar
sobre uma claridade
que emana da lógica mais pura
os algoritmos da onda
criada do nada

eu sei: qualquer um de nós
poderia entender o prazer
de um ladrão de bancos
que profana túmulos
quinzenalmente
atrás de umas obturações de ouro

[o que eu sei dessa tarde: panos úmidos
sobre minhas alergias, necroses
panos mornos sobre as dores de garganta
panos secos dentro de bolsos com lapelas nas calças cinzas de oxford -- cortada, após enfestada, no quarto dos fundos de uma pequena vila de desterrados modernos
panos de grande extensão para cobrirem qualquer móvel da poeira]

essa tarde de ventos fundados
pelo grande vazio da palavra que sempre se descuida do poema

eu sei: qualquer um de nós
poderia passar por isso

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