segunda-feira, 16 de novembro de 2009

carta à vida

Ficção parte 1.


Memórias de um suicida

Escrevo pra viver, é a minha saída. Desabafar para mim mesmo. Enquanto isso lágrimas caem e borram a tinta da caneta sobre o papel. Sou ilegível. A carta está se tornando. Invento desculpa para não sair de casa. Deixe-me só com meus pensamentos. Não quero vos presentear com a amargura do meu coração.
O tempo. Ele passa e cada vez mais me sinto um extraterrestre. Me abstrair desse mundo é só o que eu quero. Me afundar nos meus míseros desesperos. Eu não quero me dopar. Quero sentir cada alfinetada de dor. Dessa dor que um dia me fez feliz pois sim, eu fui feliz. Felicidade instantânea, por ser uma pessoa instável. Às vezes o ódio, outras o amor. O hoje e o infinito. O bem e o mal. Sou antagônico, indeciso. Tenho mais limites e regras que qualquer outra coisa e não gosto disso. Me contradigo sem precisar falar uma só palavra. Ao respirar já vou de encontro ao que eu quero. Meu silêncio é o meu único momento verdadeiro para com vocês.
Não me encarem, baixarei os olhos por absurda covardia. Tenho medo do seu julgamento. O veredito final acusará insanidade mental, eu sei. Nada mais que a verdade. Talvez, daqui algum tempo minha loucura será diagnosticada e vão querer me submeter à algum tratamento. NÃO ME SUBMETO. Seus remédios estão no lixo. Aqui fico com a minha loucura longe de vocês, carrascos, que só me fazem mal. Deixo-lhes esta carta a qual vocês podem usar como justificativa para o meu fim e vos livrar da responsabilidade. Eu assumo a culpa. Mérito de vocês? Não. Único e exclusivamente meu. Estou indo porque quero. Agora, escrevo para morrer. Não deixo dedicatória à ninguém. Não consegui em, quase meio século de vida, me apegar a nada nesse mundo.

Quero que saiba que estou indo embora por te amar, VIDA. Você sem mim vai ser melhor. Um adeus e até a próxima.

10 comentários:

  1. Nossa mãe, de arrepiar.

    Mais um texto incrível.

    ResponderExcluir
  2. Ei, Timidez, você é boa mesmo. Já cansou de escutar isso?

    Eu tenho um (desatualizado) blog. Na verdade, dois. Mas o segundo é muito mais desatualizado. Tem lá no meu perfil do orkut.

    Ah, e por favor, não dê adeus.

    Atualizando, avise.

    ResponderExcluir
  3. O mais bacana do texto é deixar claro que é ficção.

    ResponderExcluir
  4. =O
    O mais bacana do texto é deixar claro que é ficção.[2]
    Xokey! huhuh

    ResponderExcluir
  5. é, é bom deixar claro que eé ficção...
    mas dá um sinal de vida, só por via das dúvidas...

    =*

    ResponderExcluir
  6. auhauheuahueaheauhea qual é

    to viva, e mui bem!

    ResponderExcluir
  7. Caramba, Maíra... fazia tempo que não lia um texto tão bom. Sério... tuas palavras fazem todo o sentido; é triste, é verdadeiro - mas é poético!
    Se não estivesse claro que se trata de uma 'ficção', creria ser uma carta real.

    Muito bom mesmo.

    abraço :*

    ResponderExcluir
  8. Como diz o amigo acima 'Nossa mãe, de arrepiar'.
    Do mesmo modo, 'Fantástico!'. Por fim, estou encantado com suas palavras. Parabéns!

    ResponderExcluir
  9. Quanto pessismismo filosófico, um verdadeiro mapeamento da finitude (olha a propaganda!)

    =p

    ResponderExcluir