domingo, 30 de janeiro de 2011

Avarandar

Tenho um dia. Na verdade tive, pois a madrugada é um período indeterminado. Intermédio paradoxal e silencioso morada das almas empoeiradas. Tenho também uma chuva humilde e singela tentando sarar as dores dos corações. Ou inflamá-las. Inflamá-las até que o rugido de uma porta seja capaz de causar taquicardia. Até lembrar-te que o amor está tão próximo de você quanto o Oiapoque do Chuí. Tenho a vergonha do sol, a vontade natural, o soar das ondas do mar infiltrando na areia repleta de conchas multi coloridas. Um dicionário da mais completa calmaria sendo lido durante uma partida de xadrez com as estrelas. Sei que os astros se movem em L. Estou aprendendo também a suspender alguns cadeados. Entre.
Entreaberta mente, as leis da natureza liberam-me do chão. E, sim, estou numa rede cujo balanço desenha o crescente da lua. Nesse meu chão paralelo e avarandado, plantei uma muda de gotas d'água. Gotas estas detentoras de pétalas que sempre, veja bem, sempre se extinguirão em bem-me-quer.
Chove em mim um tanto mais forte agora.
"Ao inferno minhas lamentações de outrora..."

3 comentários: