segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Blue Sea

I
Mesmo que a olhos nus
(só se observe o coma
imóvel, quieto
a vagarosa respiração
o sono)
Ainda assim

II
Os refletores dos portos
Mais que longínquos
No alto dos faróis
(em cada cais
em cada pedra
em cada fenda)
Nas marinas, a espuma
A calma baía
Mostram-me os barcos
As velas, o vento
Oscilando entre as formas
(de algum corpo)
Das transeuntes águas-vivas
Até a proa enroscadas

III
Apesar do saudosismo
Nunca naveguei em mar aberto
Mas a olhos fechados
Onde o náufrago é certo

(o mar é aqui
a imensidão enclausurada
o silêncio, o toque
a melodia no vácuo
onde inexisto)

IV
Entre a córnea e a pálpebra
Entre a América e a Ásia
A grandeza infinita
Tal como o céu
Bem como toda inércia
Infinito pacífico
Oceano Pacífico

Um comentário:

  1. Apesar do saudosismo
    Nunca naveguei em mar aberto
    Mas a olhos fechados
    Onde o náufrago é certo


    esses versos me cativam como a infância em que a insônia a noite era um passaporte pra um parque de diversões no escuro do proprio quarto, mas na luz dos próprios sonhos.

    ''Minha cama me faz viajar dentro de casa, mas meus sonhos são o que me fazem ir pra rua''
    pazciência.

    abraço maíra, saudads

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