quarta-feira, 23 de julho de 2014

belo, oásis, deserto. a nina rizzi

no teu livro ao me ver
ri-se teu poema

descendo por tal rua
tu, noturna
estava só, blusa de malha
vinha há horas sem banho,
sendo outra - de saia plissê
desviando dos rasantes de morcegos desnorteados
do mijo e dos miados dos tantos gatos

na memória, teu olho baixas
numa toalha servida de café/almoço/janta encardida da mesa

[via-se, enquanto isso
(enquanto eu)
aberto,
a duração do deserto]

caminha,
e tateia os poucos degraus

três ruas acima do canal

diz-me também o teu poema
enquanto fala de você
a casa é a mesma, as paredes na avenida jaguarari de urban arts
a caixa alta que deixamos para depois

[vi-me,
a ter com você
sem saber das pessoas (verbais) mais, caminho, tateio
os olhos, sou eu quem os baixo
nas letras, sou eu de sobejo]

em tempo:
disseste que pareço de godard
anna karina
mas já disseste te amo ao baldo, nina?
não, talvez nunca o dirá

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