sobre um homem sem nome que conheci na rua de comércio, onde fervia de tudo, e serviam-se de açougues moscas e motores de polimento. era o que ele fazia antes, quando não o vi dessa forma: andava sobre as ruas sempre com um bivaque nas costas, pronto para dormir onde bem entendesse. bandidos que aplicam golpes em maternidades, mães recém-abortárias, idosos ou internos de qualquer hospital não me emocionam como o homem com aquele negócio nas costas. ele era como um circo inteiro: como sempre tem um circo entalado no meio da periferia com os melhores palhaços, onde rimos à vera, sem medo, numa forma se delírio, maior forma de delírio, [inocentemente os que se dopam de placebo ou qualquer outra coisa acreditam ser delírio]. onde os animais sofrem maus tratos, mas são apenas animais, todos pensam, ninguém quer saber daqueles animais magros [eles têm de ser magros para serem bem escondidos, é proibido, ora mais, mas tudo pelo riso e encantamento] -- onde há também O delírio dos animais, este tão grandioso tão lindo tão [apenas isso poderia me emocionar mais que o homem]. enquanto a alguns metros o caos se instala na casa de alguém que passou a vida amolando tesouras e alicates ou trocando pulseiras e baterias de relógios, onde vive O delírio. como vive O delírio aquela pessoa que diz, lê tanto e não entende, enquanto ouve, quem é gita gogoia? foi na casa desse amolador, quando o mesmo já não estava, o sem nome, que vi e entendi mais coisas que musil escreveu sobre o sem-qualidades. esse é o sem-nome, todos os nomes, todas as idas, todas os mandruvás que destroem o jardim que seus animais sempre desejaram destruir, mas ficaram presos atrás das grades de acesso ao quintal. depois do último alicate amolado, ele saiu com aquela sacola desengonçada nas costas pronto pra dormir em qualquer lugar, morrer em qualquer lugar, os sem-nome-dos-lugares e os sem-nome-dos-tempos, todos as ausências que também me assemelham
domingo, 19 de abril de 2015
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