segunda-feira, 10 de agosto de 2015

"É doce morrer no mar"

"Como se houvesse ondas de escuridão no ar, a noite avançava, abrindo casas, colinas, árvores, como as ondas que rodeiam os flancos de um navio naufragado." (Virgínia Woolf, em 'As ondas')

quando a escuridão encobre uma ideia
com os panos que já nos abafaram
o som que as ondas fazem ao quebrarem na costa
é aquela hipnose por mesmerismo

a cura ergue-se transformada
dos fluidos naturais da água das marés
pelos fluidos cósmicos, essa viagem charlatã
até a tua ideia
e pensas em religiões africanas
em metáforas de caymmi
e na odisseia
então


*
tudo o que foi aberto pela escuridão
a deixa escorrer, como o girino quando criança num charco próximo
preto, arteiro e veloz
foge da mão

quando vês, como tudo finda
nu, claro, como amanhece
outro dia

5 comentários:

  1. Estar longe do mar me aflinge, tanto quanto a sensação de impotência perante ao mesmo. O ciclo das ondas nos prende, nos leva e nos trás. De volta aqui. Sinto como se devesse algo a ti, e você sempre fiel em seus poemas. Anos e anos. Onde eu chego não é mais minha casa, mas é bom estar de volta.

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    1. Temo um dia ter de estar longe do mar, mas temo muito por estar próxima a ele também. Bem-vindo de volta. O caminho de abandonar os poemas beira o nada hehe. Aguardo notícias.

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