(...) Com um olhar num misto de tristeza, aversão e curiosidade ele parava e observava ao redor. Costumava ficar envergonhado com o humor pervo e ácido das pessoas, mas isso foi ficando cada vez mais para trás. Em um passado onde já perdera a identidade e com suas células triplamente regeneradas, morava algo. Algo essencial, simples, puro. Não era de alguém, ou daquilo. Costumamos chamar de medo, e se era isso mesmo, ele o entendia como um sentido de existência. Sabia que vivia somente para superá-lo, ora mais... Como ter medo do medo? Ele é apenas algo abstrato... ora mais, não venha me dizer que você tem.
E assim, como um escorpião, provava do seu próprio veneno. Entretanto, não eram doses letais, um pouco a cada dia e ele degustava desse fel. Resistia fortemente a cada gota que se dissolvia no seu sangue.
Habituou-se ao veneno do, como dizem? Medo, como um entorpecente o qual o fazia perder o sentido. O tal medo é isso, droga lícita que de tanto usar vicia. E enlouquece. Ele acumulou medos, percebe? Doses e mais doses... Não entendo. Talvez ele esteja a me olhar agora, olhou de novo e está na espreita, estão vendo?
Foi esse o instante em que me olhei duas vezes no espelho...
aaamei a comparação com o escorpião!
ResponderExcluirnovamente estou aqui sendo redundante ao dizer que adoro os seus textos...
rs queria ter essa 'mágica', a qual faz com que os seus temas pareçam tão simples (os quais não são ;x)
mas é a verdade, daaalmaz!
love ya!
Qual o problema com o humor pervo e ácido das pessoas?
ResponderExcluirs2
gosto desse estilo narrativo, de como ele se mistura com o poético, e de como ele se parece tanto com o espelho.
ResponderExcluiré interessante como vejo, ouço
falo e penso através dessa arte
como falam, vêem
pensam e ouvem dessa arte