quando escrevi a ti
sobre nosso pretérito
do subjuntivo
achei-me tão objetivo
mas me deixastes passar
pudéssemos ter desenvolvido
algo de angústia
mas eu vivo a me perder
de mim
quanto ao mundo,
deixamos de nos assustar?
imagina que esperávamos
atravessar a linha
horizontal a qual escrevemos
e cantar nossas odes
ao som do suspiro
Levi, já estou no indicativo
as coincidências me assustam
eu esperaria mais um pouco
mas se esperássemos amanhecer
eu já não serviria
o belo das coincidências
o pingo sutil da goteira de casa
o vento gelado de uma terra quente
meus livros empilhados
a vírgula no peito
eu já nem vivo
a janela está aberta e eu olho
ouço a sirene de quem me promete
segurança
mas ainda tenho medo
dessa linha
desse verso
e do teu silêncio