sexta-feira, 26 de junho de 2015

bacamarte

em uma cidade na parahyba
existem nuvens dispostas de forma não usual nos idos deste mês
tal qual a música progressiva nos anos 70
com uma coincidência de nomes
dos lugares e conjuntos
em tentativa de narrar todas as letras naquele mesmo céu pequeno
sobre a cidade pequena,
como quando se buscam as diferenças
pela arte de esculpir coronhas
das armas dos grandes vilões do cinema

as nuvens:
estranhas como os arranjos de depois do fim
longas como o último entardecer
nos pastos onde pode haver recordação d'algum país de língua castelhana
apenas brevemente, bem brevemente

nunca tive ciência d'um bar nesta cidade da parahyba
nem de nenhuma dos arredores
em que se pudesse iniciar uma briga,
puxar o gatilho

[aquele espaço entre o ar e a coronha esculpida
a coronha engordurada pelo o que se come com a mão
a coronha arranhada pelo botão da capa que a guarda]

puxar o gatilho para cima
até as nuvens do céu dessa cidade
seja pelo grito ou disparo

um menino com estilingue

tão somente pelo susto às nuvens
não aos que passam

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